quarta-feira, 27 de julho de 2011

A bela do Alentejo!

Adoro poesia! A poesia me encanta, me arrebata, me aproxima de Deus. Queria escrever coisas belas e reconhecidas que me rendesse o título de um grande poeta. Não deu. Mas basta lê-las para me realizar! Mesmo sabendo de minhas limitações em exercer o ofício da escrita da poesia sempre me pego tentando rabiscar num pedaço de papel o meu pensamento. Na tentativa vã de criar uma poesia qualificativa, sigo adiante e me debruço sobre a obra de meus heróis. Vinícius de Moraes, Fernando Pessoa, Mário Quintana, Augusto dos Anjos, Paulo Leminski. Dentre as poetisas, sou fã incondicional de Clarice Lispector e de uma portuguesa que teve sempre a tristeza por perto e soube transportar  pra sua poesia a beleza e a delicadeza dos sentimentos. Florbela Espanca, este é o seu nome.
Florbela Espanca - a bela do Alentejo - teve uma vida muito conturbada. Vários casamentos, conflitos familiares e fragilidade emocional permanente, caracterizaram a sua vida. Na sua obra tratou de derramar, lindamente, suas angústias, anseios e questionamentos. Me sinto fora do chão quando leio os versos da bela do Alentejo. Sua poesia tem uma profundidade, um sei lá o quê de doçura e uma poção generosa daquele que é o maior dos sentimentos, o amor.  Não falava somente do amor que dá certo. Falava também do amor atingido pela tristeza inerente aos seus desdobramentos corriqueiros: solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo e morte. Viveu somente 36 anos deixando uma obra de maravilhosa pujança. Foi precursora do movimento feminista em Portugal. Tem um poema dela pelo qual eu sou fascinado. Mesmo questionando uma parte dele, me deleito e me ponho a pensar na pluralidade do mundo. Chama-se "AMAR". Ofereça a vocês esse belo poema e desejo altivez e a capacidade de amar.

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui…além…
Mais este e aquele, o outro e toda a gente….
Amar!Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!…
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar.
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…


Nenhum comentário: