sexta-feira, 29 de julho de 2011

Um homem chamado Orlando!

A despedida é triste e deixa lembranças em evidência. Difícil aceitá-la! Dos tipos de despedida, a que mais dói e maltrata é aquela que aponta para o caminho do desconhecido. Quero me referir ao descontinuar de nossas vidas aqui nesse mundo, chamada, morte. Talvez a morte seja o findar de tudo. Talvez, a passagem para outro lugar. Ou, ainda pode ser o sentido maior da vida. Que contraditório, né? Morte e vida; vida e morte. Pelas minhas análises, impressões e compreensões penso ser a morte algo extremamente natural e fruto da Inteligência Primária, originária de tudo que há. É motivo para a reestruturação, reorganização, reparação, observação profícua das ações desencadeadas pelo Homem nesse plano, efetivamente de provas e expiações. Estamos aqui para realizar, para pôr à prova tudo o que nos foi confiado. Não tem jeito... não estamos aqui a toa!!!! 
Num outro tópico, numa outra crônica falaremos mais profundamente sobre o tema. Quero hoje, reverenciar a um ser que nos deixou há exatamente 1 ano. Deixou esse mundo somente, pois acredito que como todos os outros seres, continua a trilhar um outro caminho, num outro plano de vida. Orlando, o meu sogro, foi um cara muito representativo em minha vida. Me ajudou em vários momentos e sempre pareceu gostar de mim e respeitar o meu jeito de ser. Falava um monte de bobagens, mas eu sabia que sua essência era, sobremaneiramente, boa. Ao longo da vida, ajudou a muitas pessoas. Figura de um coração compromissado com o bem estar do outro. Tinha defeitos, como todo mundo os tem, mas o seu lado virtuoso se sobrepunha. 
O Orlando carregava um problema de vias urinárias desde a sua infância. Sofreu bastante com isso. Já numa fase avançada de sua vida descobriu a Diabetes e passou a ter como companheira, a hipertensão. Por ser um profundo admirador da gastronomia e por sua avidez em se satisfazer pelo prazer do paladar, lavava uma vida sem muitos cuidados. Adorava churrasco! E era avesso à atividade física. Se aposentou na casa dos 50 anos, depois de uma vida devotada ao Exército Brasileiro, sua grande paixão.Ah! não posso esquecer de citar uma outra faceta que ele adorava desempenhar. Era a prática de comprar carros. Comprava carros velhos, consertava-os totalmente e os vendia em seguida acumulando assim só prejuízo. Não adiantava tentar persuadi-lo de que não valia a pena essa prática, ele se sentia seduzido por ela e mesmo no final da vida, quando teve condições de comprar carro novo, zero quilômetro, não se livrou do hábito. 
Depois de ter morado no Rio e em Brasília, em 2005 escolheu Natal para residir. No ano de 2010, me convenceu a largar o Rio e se estabelecer em Natal como Comerciante. Assim aconteceu. Larguei tudo no Rio. Pensamos então, eu e minha esposa, em uma franquia. Ele falava que essa coisa de franquia era furada e nos aconselhava a produzir nossos próprios produtos. Talvez tivesse razão. Acompanhou todo o processo de implantação da loja e, infelizmente e dolorosamente, não teve a oportunidade de presenciar a inauguração. Não presenciou em matéria, em corpo físico, mas em espírito esteve presente sim. Faleceu no dia 29 de Julho de 2010. Após entrada no hospital para retirada de um rim em razão de um tumor benigno, teve durante a cirurgia desencadeada uma lesão na parede do estômago - não perceptível no transcurso do procedimento - que lhe trouxe complicações. Após ficar em coma por um dia o seu coração, tão admirável, parou de funcionar e a passagem assim se fez.
Segue caminhando agora, do lado de lá. Agradeço de todo coração por tudo que nos propiciou. Minha gratidão permanente! Tenho a certeza de que está sendo tratado e em algum momento nos reencontraremos. "Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada." Com este pensamento de Fernando Pessoa emano a minha vibração carinhosa ao meu amigo, Orlando.


Mais um singelo pensamento:

Somos como as folhas de uma grande árvore. Quando o vento passa, nos leva para onde a força da vida indicar.

Todos são espíritos.

Todos são imortais.

Nós não temos cor, não temos raça nem bandeira que limite a nossa ação.
Às vezes é preciso que o vento nos leve até determinado lugar para aí desempenharmos uma tarefa. A gente se esconde num corpo quente, num coração amoroso e então renasce vestido de carne, com roupa branca ou preta, ou amarela; bonita ou feia. Quando chega a hora e o vento sopra novamente, partimos, deixamos a roupa usada e rumamos para onde a vida nos conduziu, para viver outra experiência.

Por isso é que devemos nos desapegar das coisas do mundo, mesmo daquelas que são boas. Estamos de passagem. Somos todos peregrinos, romeiros da vida.

Em nossa viagem pelo mundo só possuímos, na verdade, aquilo que doamos, que oferecemos à vida: o amor, as virtudes, o bom caráter. As outras coisas são muletas que usamos para ajudar na caminhada; assim que aprendermos a andar direito, com a cabeça erguida diante da vida, deixaremos tudo de lado para partir rumo a novo aprendizado. Ficará para trás tudo aquilo que nos prende ao chão, à retaguarda.

É preciso se desapegar do mundo. Usar as coisas que estão no mundo sem se submeter a elas. Essa, a verdadeira essência da sabedoria.

Somos todos imortais, espíritos, filhos da vida, de Deus. Coisas passageiras não fazem parte do que é eterno, e o que é eterno não pode ficar preso àquilo que é passageiro.

Pense nisso meu filho.

Do livro: Sabedoria de Preto Velho
Pelo Espírito: Pai João de Aruanda
Autor: Robson Pinheiro