sábado, 24 de dezembro de 2011

NATAL 2011!


NATAL DE 2011

O tempo sabiamente ensina e de tudo se encarrega. Tem a capacidade de (re)adequar, de reconfigurar, as coisas e trazer respostas. O tempo baila no ar e nos empurra para a vivência. Viver é preciso, é urgente, é missão! Na pulsação dos fatos, vamos conduzindo nossas vidas. Ora errando, ora acertando, assim nos compactamos. Infelizmente, muito da sublimidade da vida é esquecida, deixada de lado. Às vezes, precisamos parar. Descer da roda. Se colocar de fora da correria desenfreada de nossos dias e observar as pequenas coisas da vida. Pequenas coisas que trazem grandes significados!    Amigo, você é uma estrela. É assim que te vejo. Você veio a terra para trazer brilho. Então, brilhe! Brilhe na prática do bem, na ajuda desinteressada ao próximo, na construção de um mundo melhor. Suplante a sua essência má – que todos nós possuímos – e dê vazão a sua parte do bem. Acredite nos seus sonhos, cultive-os... um dia, de alguma forma, se tornarão realidade. Limpe o pensamento. Exerça, empreenda ações, que façam florescer coisas belas e benéficas. Trabalhe sem desanimar pela harmonia deste planeta que nos acolhe e de tanta maravilha nos cobre e bebendo da maestria de Vinícius de Moraes – meu poeta maior - ame intensamente e com o pensamento de eternidade enquanto o sentimento perdurar.

Quero te convidar neste Natal, neste final de ano, a realizar uma reforma íntima, a rever determinadas importâncias concedidas a coisas que são na verdade, irrelevantes. Não se torne escravo do consumismo exacerbado. Além dos presentes materiais, distribua amor, carinho, afeto, solidariedade, ou, somente, motivações altruístas e reconfortantes.  Você pode até achar tudo isso piegas. Pode pensar diferente... tem todo o direito. No entanto, pela minha vivência, afirmo, reafirmo se for necessário, que viver é compartilhar de momentos com o outro, sempre. Emocionar a nós mesmos e aos outros faz um bem danado. Somos uma família universal, devemos entender que sem um sentido de coletividade pouco se constrói. Precisamos ser plural, dar a mão ao outro e assim justificar a nossa existência. Para sintetizar esse espírito natalino, apresento a vocês uma história:

Noite de Natal no Rio de Janeiro. São aproximadamente 19 horas e a movimentação é intensa nas ruas da cidade. No subúrbio de Olinda, na estação de trem, uma senhora aparentando os seus cinquenta anos, sentada quase na entrada de acesso a plataforma, pede ajuda para alimentar o seu filho. O menino brinca com um carrinho velho e na inocência de seus presumíveis nove, dez anos, sua cabecinha deve fervilhar em muitas indagações sobre a vida. A mulher com uma aparência muito sofrida implora por ajuda ao seu filho e deseja um feliz natal a todos que passam por ela.

Um rapaz com os seus vinte e poucos anos, carregando bolsas e sacolas com roupas e tênis novos, cruza o caminho da pobre senhora da estação ferroviária. Ele se compadece com aquela cena de abandono e decide parar para dar um trocado qualquer que ajude àquela senhora. Naqueles poucos, porém intensos, minutos conhece um pouco da história daquela senhora. Fica sabendo de alguns dramas vividos e descobre que o grande sonho dela é poder dar um violão para o filho. Explica do fascínio do menino pelo instrumento e destaca que sonha em um dia vê-lo como músico profissional.

O rapaz após a conversa com a senhora, deixa uma quantia em dinheiro – hoje algo em torno de cinquenta reais – e diz que aquele dinheiro é pra ela comprar alguma alimentação para aquela noite de natal. A mulher com lágrimas nos olhos agradece, agradece e agradece.

Durante toda a celebração do natal, esse rapaz não para de pensar naquela cena que presenciou na estação de Olinda e pede a Deus que abençoe aquela mulher e o seu filho. Dois dias após o natal, o rapaz decide voltar a estação de trem e presentear o filho daquela senhora com um violão - esquecido por ele há tempos, no seu guarda-roupa. Retorna e não encontra a mulher. Pergunta para alguns vendedores de balas que marcam ponto ali sobre a mulher da noite de natal e é informado que ela está numa praça próxima da estação. Chegando a praça, logo a reencontra. A alegria é imensa de ambos. O rapaz entrega o presente para o filho da senhora e dá um longo abraço na mãe e no filho. Naquele momento, o destino escreve um capítulo de ligação definitivamente entre os personagens.

Vinte anos se passam e nunca mais o rapaz volta a encontrar novamente aquela senhora. Agora já casado e com filhos, o rapaz procura uma escola de música para matricular o seu caçula. É indicada, por um amigo, uma respeitosa escola de música de um conceituado violonista brasileiro, no bairro de Laranjeiras. Vai até a escola de música, se agrada com o ambiente e com a metodologia utilizada e decide matricular o seu filho. No primeiro dia de aula do filho, ao chegar com bastante antecedência na escola, senta-se num banquinho no meio de um jardim, enquanto o seu filho brinca com um amigo. No meio de plantas e de uma fonte de água, tradução perfeita de harmonia, a força do acaso se manifesta. Tem a oportunidade de conhecer o professor e proprietário da escola.

Figura conhecida no cenário musical e realizador de vários trabalhos marcantes com ícones da música popular brasileira, o professor muito falante, conta com orgulho a sua história de vida e se emociona ao lembrar-se de sua mãe. Conta que ela não pôde ver o sonho - que era na verdade de ambos - realizado. O sonho de minha mãe era me ver como músico profissional, em lágrimas profere o professor. Cita um fato que foi decisivo em sua caminhada. O dia em que vivendo na rua com a mãe, recebeu de um homem um violão usado e a partir daquele presente toda a sua vida se transformou. Detalha mais sobre esse encontro dizendo que esse homem que lhe deu o violão dois dias após um natal, havia lhe propiciado, na noite de natal, um dos momentos mais felizes ao lado de sua mãe. Uma noite de natal com frango assado, refrigerante e panetone, e naquele clima, o soar de palavras definitivas de sua mãe que afirmava existir no mundo, mesmo com toda a sua dureza, pessoas boas e que espalhavam alegria pelo mundo.

Uma emoção intensa tomou conta do ambiente e após algumas perguntas, a constatação. O destino tratara de reunir novamente aqueles personagens. Choro, abraços, e uma sensação indescritível de bem estar envolveu aos dois. A vida reservara um encontro sobremaneiramente especial.

Quero com essa história dividir com você(s) a minha emoção. Tenho a certeza de que todo bem que fazemos, toda a ajuda dispensada aos sofredores deste mundo, àqueles privados das coisas mais básicas, não se perde nunca na roda do tempo. Qualquer ação na qual o bem comum seja o alvo a se atingir, forças e proporções gigantescas fluídicas do universo, destilam sua magia.  Como disse Caetano Veloso, “gente é pra brilhar e não pra morrer de fome”. Nessa vertente deposito as minhas fichas de que alcançaremos um grau elevado de altruísmo – espero que rapidamente – e o viver será algo satisfatório para a esmagadora maioria das pessoas. Posso ser um sonhador... mas, nesse sonho é que quero estar envolvido até o último dia de minha estada neste planeta.

Acredite na bondade, no universo, em Deus, em você. Saiba que quando a gente ameniza o sofrimento de alguém, quem mais ganha, por incrível que pareça, somos nós mesmos. Desejo de todo o meu coração que você(s) se liberte de algumas maléficas convenções impostas e carregue consigo a certeza, ao findar de cada dia, que realizou, pelo menos, uma boa ação que seja. Tudo na vida é exercício... exercite a sua melhor e mais bonita essência. Abrace o projeto de auxiliar o Criador na sua tarefa árdua de extirpar o mal e harmonizar as relações humanas. Amor em sua vida. Muito amor! Pois sem amor nada seríamos, sentenciou Paulo de Tarso em 1 Coríntios, capítulo 13, há milhares de anos atrás:

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos.

Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

FELIZ NATAL DE VERDADE PRA VOCÊ(S), com todo amor!
Daniel Freire

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