NATAL DE 2011
O tempo sabiamente ensina e
de tudo se encarrega. Tem a capacidade de (re)adequar, de reconfigurar, as
coisas e trazer respostas. O tempo baila no ar e nos empurra para a vivência.
Viver é preciso, é urgente, é missão! Na pulsação dos fatos, vamos conduzindo
nossas vidas. Ora errando, ora acertando, assim nos compactamos. Infelizmente, muito
da sublimidade da vida é esquecida, deixada de lado. Às vezes, precisamos
parar. Descer da roda. Se colocar de fora da correria desenfreada de nossos dias
e observar as pequenas coisas da vida. Pequenas coisas que trazem grandes
significados! Amigo, você é uma
estrela. É assim que te vejo. Você veio a terra para trazer brilho. Então,
brilhe! Brilhe na prática do bem, na ajuda desinteressada ao próximo, na
construção de um mundo melhor. Suplante a sua essência má – que todos nós
possuímos – e dê vazão a sua parte do bem. Acredite nos seus sonhos,
cultive-os... um dia, de alguma forma, se tornarão realidade. Limpe o
pensamento. Exerça, empreenda ações, que façam florescer coisas belas e
benéficas. Trabalhe sem desanimar pela harmonia deste planeta que nos acolhe e de
tanta maravilha nos cobre e bebendo da maestria de Vinícius de Moraes – meu
poeta maior - ame intensamente e com o pensamento de eternidade enquanto o
sentimento perdurar.
Quero te convidar neste
Natal, neste final de ano, a realizar uma reforma íntima, a rever determinadas
importâncias concedidas a coisas que são na verdade, irrelevantes. Não se torne
escravo do consumismo exacerbado. Além dos presentes materiais, distribua amor,
carinho, afeto, solidariedade, ou, somente, motivações altruístas e
reconfortantes. Você pode até achar tudo
isso piegas. Pode pensar diferente... tem todo o direito. No entanto, pela
minha vivência, afirmo, reafirmo se for necessário, que viver é compartilhar de
momentos com o outro, sempre. Emocionar a nós mesmos e aos outros faz um bem
danado. Somos uma família universal, devemos entender que sem um sentido de
coletividade pouco se constrói. Precisamos ser plural, dar a mão ao outro e
assim justificar a nossa existência. Para sintetizar esse espírito natalino,
apresento a vocês uma história:
Noite de Natal no Rio de
Janeiro. São aproximadamente 19 horas e a movimentação é intensa nas ruas da
cidade. No subúrbio de Olinda, na estação de trem, uma senhora aparentando os
seus cinquenta anos, sentada quase na entrada de acesso a plataforma, pede
ajuda para alimentar o seu filho. O menino brinca com um carrinho velho e na
inocência de seus presumíveis nove, dez anos, sua cabecinha deve fervilhar em
muitas indagações sobre a vida. A mulher com uma aparência muito sofrida
implora por ajuda ao seu filho e deseja um feliz natal a todos que passam por
ela.
Um rapaz com os seus vinte e
poucos anos, carregando bolsas e sacolas com roupas e tênis novos, cruza o
caminho da pobre senhora da estação ferroviária. Ele se compadece com aquela
cena de abandono e decide parar para dar um trocado qualquer que ajude àquela
senhora. Naqueles poucos, porém intensos, minutos conhece um pouco da história
daquela senhora. Fica sabendo de alguns dramas vividos e descobre que o grande
sonho dela é poder dar um violão para o filho. Explica do fascínio do menino
pelo instrumento e destaca que sonha em um dia vê-lo como músico profissional.
O rapaz após a conversa com
a senhora, deixa uma quantia em dinheiro – hoje algo em torno de cinquenta
reais – e diz que aquele dinheiro é pra ela comprar alguma alimentação para
aquela noite de natal. A mulher com lágrimas nos olhos agradece, agradece e
agradece.
Durante toda a celebração do
natal, esse rapaz não para de pensar naquela cena que presenciou na estação de
Olinda e pede a Deus que abençoe aquela mulher e o seu filho. Dois dias após o
natal, o rapaz decide voltar a estação de trem e presentear o filho daquela
senhora com um violão - esquecido por ele há tempos, no seu guarda-roupa.
Retorna e não encontra a mulher. Pergunta para alguns vendedores de balas que
marcam ponto ali sobre a mulher da noite de natal e é informado que ela está
numa praça próxima da estação. Chegando a praça, logo a reencontra. A alegria é
imensa de ambos. O rapaz entrega o presente para o filho da senhora e dá um
longo abraço na mãe e no filho. Naquele momento, o destino escreve um capítulo
de ligação definitivamente entre os personagens.
Vinte anos se passam e nunca
mais o rapaz volta a encontrar novamente aquela senhora. Agora já casado e com
filhos, o rapaz procura uma escola de música para matricular o seu caçula. É
indicada, por um amigo, uma respeitosa escola de música de um conceituado
violonista brasileiro, no bairro de Laranjeiras. Vai até a escola de música, se
agrada com o ambiente e com a metodologia utilizada e decide matricular o seu
filho. No primeiro dia de aula do filho, ao chegar com bastante antecedência na
escola, senta-se num banquinho no meio de um jardim, enquanto o seu filho brinca
com um amigo. No meio de plantas e de uma fonte de água, tradução perfeita de
harmonia, a força do acaso se manifesta. Tem a oportunidade de conhecer o
professor e proprietário da escola.
Figura conhecida no cenário
musical e realizador de vários trabalhos marcantes com ícones da música popular
brasileira, o professor muito falante, conta com orgulho a sua história de vida
e se emociona ao lembrar-se de sua mãe. Conta que ela não pôde ver o sonho -
que era na verdade de ambos - realizado. O sonho de minha mãe era me ver como
músico profissional, em lágrimas profere o professor. Cita um fato que foi
decisivo em sua caminhada. O dia em que vivendo na rua com a mãe, recebeu de um
homem um violão usado e a partir daquele presente toda a sua vida se
transformou. Detalha mais sobre esse encontro dizendo que esse homem que lhe
deu o violão dois dias após um natal, havia lhe propiciado, na noite de natal,
um dos momentos mais felizes ao lado de sua mãe. Uma noite de natal com frango
assado, refrigerante e panetone, e naquele clima, o soar de palavras
definitivas de sua mãe que afirmava existir no mundo, mesmo com toda a sua
dureza, pessoas boas e que espalhavam alegria pelo mundo.
Uma emoção intensa tomou
conta do ambiente e após algumas perguntas, a constatação. O destino tratara de
reunir novamente aqueles personagens. Choro, abraços, e uma sensação
indescritível de bem estar envolveu aos dois. A vida reservara um encontro
sobremaneiramente especial.
Quero com essa história
dividir com você(s) a minha emoção. Tenho a certeza de que todo bem que fazemos,
toda a ajuda dispensada aos sofredores deste mundo, àqueles privados das coisas
mais básicas, não se perde nunca na roda do tempo. Qualquer ação na qual o bem
comum seja o alvo a se atingir, forças e proporções gigantescas fluídicas do
universo, destilam sua magia. Como disse
Caetano Veloso, “gente é pra brilhar e não pra morrer de fome”. Nessa vertente
deposito as minhas fichas de que alcançaremos um grau elevado de altruísmo –
espero que rapidamente – e o viver será algo satisfatório para a esmagadora
maioria das pessoas. Posso ser um sonhador... mas, nesse sonho é que quero
estar envolvido até o último dia de minha estada neste planeta.
Acredite na bondade, no
universo, em Deus, em você. Saiba que quando a gente ameniza o sofrimento de
alguém, quem mais ganha, por incrível que pareça, somos nós mesmos. Desejo de
todo o meu coração que você(s) se liberte de algumas maléficas convenções
impostas e carregue consigo a certeza, ao findar de cada dia, que realizou,
pelo menos, uma boa ação que seja. Tudo na vida é exercício... exercite a sua
melhor e mais bonita essência. Abrace o projeto de auxiliar o Criador na sua
tarefa árdua de extirpar o mal e harmonizar as relações humanas. Amor em sua
vida. Muito amor! Pois sem amor nada seríamos, sentenciou Paulo de Tarso em 1
Coríntios, capítulo 13, há milhares de anos atrás:
Ainda que eu falasse as línguas
dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como
o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os
mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que
transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que
distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que
entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me
aproveitaria.
O amor é sofredor, é
benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se
ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se
irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo
profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência,
desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos.
Mas, quando vier o que é
perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino,
falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que
cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por
espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas
então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a
esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.
FELIZ
NATAL DE VERDADE PRA VOCÊ(S), com todo amor!
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